Uma das mulheres mais elegantes de Paris, Julie de Libran sempre soube que queria ser estilista. Após uma carreira impressionante trabalhando ao lado de ícones como Gianfranco Ferré, Gianni Versace, Miuccia Prada e Marc Jacobs na Louis Vuitton — e mais tarde como Diretora Criativa da Sonia Rykiel, uma das marcas mais cobiçadas do calendário da Semana de Moda de Paris —, ela lançou sua própria marca há sete anos. Sua marca reflete perfeitamente seu estado de espírito: infinitamente chique e atemporal, com atenção meticulosa aos detalhes e aquele inconfundível je ne sais quoi que define o verdadeiro estilo parisiense. Julie nasceu no sul da França e mais tarde foi criada em San Diego, Califórnia, retornando à França somente após concluir seus estudos de moda na Itália — uma formação que lhe dá uma compreensão única do chique francês e de como exportá-lo globalmente. Julie agora apresenta suas coleções na programação oficial da alta-costura, recebendo convidados em sua casa no Boulevard Raspail. Suas peças não são feitas para produção em massa — são peças íntimas, feitas sob medida, projetadas para se tornarem parte do seu mundo, usadas e valorizadas por muitos anos. É um luxo discreto e suave — o tipo de luxo que os entusiastas da moda em todo o mundo desejam. Em entrevista à HD Fashion, Julie de Libran compartilha a inspiração por trás de sua mais recente coleção de Alta Costura, seu processo criativo e seus cantos favoritos de Paris.
Avisar Conte-nos sobre as inspirações por trás da sua última coleção de alta-costura. O que você estava esperando nesta temporada?
Nesta estação, minha coleção se chama When Nature and Love Take Over (Quando a Natureza e o Amor Assumam o Controle). Eu queria expressar uma sensação de liberdade — como, quando a natureza me dá seus recursos, amor e espaço para respirar, ela traz tanta força. Você se sente tão livre. Essa leveza te abre para infinitas possibilidades e te enche de energia positiva.
Concentrei-me na identidade pessoal, dando a todas as meninas do meu desfile — a maioria das quais conheço há muito tempo — a oportunidade de personalizar verdadeiramente o que vestiam. Queria que elas sentissem conforto e liberdade. O objetivo era a leveza, a atemporalidade, a atemporalidade — uma celebração do artesanato. Morando em Paris, sempre quis dar destaque a isso.
Adoro explorar silhuetas femininas e masculinas. A coleção foi inspirada em lingerie, mas com ombros avantajados para transmitir força. Meus tecidos são sempre o ponto de partida da minha criatividade. Trabalho em estreita colaboração com minhas fábricas históricas e, nesta temporada, encontrei alguns caxemiras requintados, tecidos com correntes de cristal e brocados artesanais, feitos originalmente para interiores de antigos palazzi italianos — o tipo usado antigamente em vestidos especiais.
Nos últimos anos, você optou por apresentar suas coleções em sua casa na Rive Gauche para um grupo seleto de insiders e amigos da marca. Por que você adotou esse formato? Na sua opinião, por que os desfiles intimistas estão ganhando mais relevância hoje em dia? E como seus clientes reagiram a essa experiência?
Queria convidar as pessoas para o meu espaço privado para compartilhar a atmosfera em que vivo e crio — para que fosse acolhedor e confortável. Isso permite que os convidados fiquem perto das roupas e desfrutem de um momento mais pessoal comigo. Meus clientes realmente gostam desse ambiente privado. Acredito que isso os faz sentir especiais, como se realmente fizessem parte de um momento criativo.
Marcas maiores também estão buscando criar experiências mais intimistas, pois nem sempre têm o mesmo tipo de relacionamento direto com suas comunidades. Hoje, existe um desejo real por conexões significativas.
No mundo acelerado e digital de hoje, por que você acredita que a Alta Costura ainda importa? O que a faz se destacar e permanecer relevante?
Acho importante permanecer relevante — abraçar os tempos em que vivemos, incluindo a velocidade e a influência das mídias sociais. Mesmo não sendo naturalmente impulsionada pelo digital, eu desenho, drapejo e costuro tudo à mão — sou curiosa e estou aprendendo a usar o mundo digital por todos os seus lados positivos.
Ainda assim, acredito que as mulheres querem sentir os tecidos, experimentar e entender de onde vem uma peça. Elas adoram passar um tempo em nosso ateliê, participando do processo criativo. Para mim, é sempre emocionante compartilhar como essas peças especiais são feitas — quantas pessoas estão envolvidas, quanto tempo leva e a imensa dedicação por trás disso. É uma verdadeira disciplina, e é isso que torna a alta-costura tão especial e única.
Você já trabalhou com grandes grifes de moda e agora apresenta criações com seu próprio nome. O que torna este projeto diferente? Pode nos contar mais sobre o DNA da marca e como você imagina sua evolução?
Ter minha própria maison sempre foi um sonho. Tive oportunidades incríveis, trabalhando nas casas de moda mais icônicas e aprendendo com os melhores designers e ateliês. Mas, há sete anos, decidi fazer do meu jeito — em uma escala menor, mais perto dos meus clientes, com menos peças e momentos criativos mais significativos.
Tudo o que crio é feito na França ou na Itália. Sou muito consciente da procedência, da redução do desperdício e de tomar decisões ponderadas desde o processo criativo. Sempre senti que tinha muito a dizer — adoro como as roupas podem fazer você se sentir, como elas permitem a autoexpressão. Para mim, é uma ferramenta de comunicação poderosa. Eu era muito tímida quando criança, e me vestir me ajudava a me expressar — assim como a música.
Uma citação de Karl Lagerfeld sempre me marcou: "Preciso criar. Para mim, é como respirar." É exatamente assim que me sinto.
Crio peças únicas e sob medida, além de edições limitadas e numeradas que funcionam mais como prêt-à-porter — ainda produzidas em pequenas quantidades, mas com tamanhos um pouco ajustados à escala. Também crio acessórios. Minhas joias são feitas à mão na França pela Goossens, e meus chapéus são confeccionados pela Maison Michel. Recentemente, lancei uma clutch e bolsa com envelope duplo, uma novidade para a marca.
O que torna Paris tão especial para você? Quais são os seus lugares favoritos na cidade — e onde é mais provável que cruzemos o seu caminho?
Adoro Paris e me sinto muito sortuda por estar no coração da cidade, cercada por tanta criatividade. Inspiro-me na arquitetura e em caminhar ao longo do Sena — especialmente à noite, quando é possível vislumbrar o interior dos apartamentos iluminados. Vou de bicicleta para todos os lugares.
Você provavelmente me encontrará em Saint-Germain-des-Prés, no meu ateliê e boutique na rue de Luynes, 3. É lá que trabalho com minha equipe, encontro clientes e recebo visitantes. O Financial Times certa vez o apelidou de "Um Endereço Secreto em Paris" — é um espaço bem descontraído. Venha tomar um café ou o melhor matcha da cidade — nossa vizinha é a Noir — e passaremos um tempo estilizando peças juntas e compartilhando histórias por trás da coleção.
Crédito das fotos: Oleg Covian
Texto: Lidia Ageeva